Quando a violência irrompe nas ruas do Rio de Janeiro e as sirenes rasgam o silêncio, muitos se voltam para a cobertura jornalística. Entre eles está Bette Lucchese, repórter da Rede Globo que se especializou em narrar o que acontece nos morros, nas operações policiais e nas comunidades marcadas pelo conflito.
Mas para Bette, a reportagem não é apenas profissional: é pessoal. Em maio de 2002, seu marido, o comerciante e suplente de vereador Silvio Santos Gonçalves, foi morto com tiros de fuzil no bairro de Irajá, zona norte do Rio.
Ela não apenas testemunhou a tragédia — viveu-a. E isso moldou sua cobertura, sua postura, seu olhar.
A manchete poderia dizer apenas “jornalista especializada em violência urbana”, mas há algo maior: a dor vivida, a memória da perda, o conflito íntimo. A pergunta que fica no ar: como relatar a dor quando ela já te pertence?