Durante o longo julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o voto e o posicionamento do ministro Luiz Fux chamaram a atenção por sua postura cautelosa e, posteriormente, por uma polêmica envolvendo um erro de digitação em seu parecer.
O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) se estendeu por vários dias, analisando as ações de Bolsonaro e de seus aliados na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A decisão final resultou na condenação do ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por crimes que incluem organização criminosa armada, golpe de Estado e dano qualificado pela violência. Além disso, Bolsonaro recebeu 124 dias-multa, cada um equivalente a dois salários mínimos, com a pena reduzida por conta de sua idade.
O ministro Luiz Fux, conhecido por sua postura técnica, surpreendeu ao divergir do relator Alexandre de Moraes e de outros ministros, defendendo a absolvição de Bolsonaro e a condenação apenas de dois réus específicos, Mauro Cid e o general Walter Braga Netto. A postura do ministro gerou debates entre juristas e especialistas, principalmente porque ele sugeriu que os réus do Núcleo 1 do caso deveriam ser julgados na primeira instância, contrariando a jurisprudência do STF para autoridades públicas.
Além disso, um erro de digitação no voto de Fux acabou chamando atenção: no texto, a relação entre os crimes de tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito foi invertida. O gabinete do ministro esclareceu que a versão correta deveria indicar que o golpe absorve a abolição, e não o contrário, confirmando que se tratava de um erro material e não de uma mudança de posicionamento.
Especialistas como Pedro Estevam Serrano e Oscar Vilhena Vieira destacaram que, embora o erro seja técnico, decisões judiciais desse porte exigem extrema precisão, dado o impacto histórico e político da condenação. A divergência de Fux e o equívoco de digitação reacenderam debates sobre a responsabilidade do STF na preservação da ordem democrática e sobre a coerência interna de votos em julgamentos complexos.